“Antigos” versus “modernos”: a disputa das escolas de canto do século XVIII vista através das sátiras musicais

Autores

  • Daniel Issa Gonçalves Autor/a

Palavras-chave:

ópera, século XVIII, música antiga, canto

Resumo

No início do século XVIII, pouco mais de um século após o nascimento da ópera, críticos, teóricos e entusiastas já apregoavam a sua decadência. Segundo eles, a responsabilidade desse estado de coisas recaía sobre os cantores, que passaram a desrespeitar o conteúdo textual das obras ao introduzir, em meio às performances, uma série de ornamentações fora de contexto com o único intuito de exibir suas habilidades vocais. Isso deslocou o foco do texto para a performance operando-se, assim, uma transformação de gosto no gênero. Aqueles que continuavam fiéis aos preceitos do passado foram chamados de “antigos”, defensores de um estilo descrito como expressivo, despojado e profundo, enquanto os partidários do novo estilo floreado em ascensão foram chamados de “modernos”. A crescente
popularidade da ópera nessa época fez com que se proliferassem também as primeiras sátiras e paródias musicais do gênero, com a particularidade de terem sido produzidas justamente por seus próprios autores e protagonistas (compositores, libretistas e mesmo cantores) e que retratam, dissimuladas sob o véu da comédia, os bastidores do fazer operístico. A querela entre “antigos” e “modernos” também se encontra representada nas sátiras, lançando, com bom humor e vivacidade, uma nova luz sobre as práticas musicais da época.

Biografia do Autor

  • Daniel Issa Gonçalves

    Formado em Arquitetura e Urbanismo pela USP, iniciou seus estudos musicais no Brasil continuando-os na Suíça onde diplomou-se na Schola Cantorum Basiliensis e na Musikhochschule Luzern. Como cantor solista, atuou em diversos países com um repertório que abrange do medieval ao contemporâneo. Em 2019, defendeu seu doutorado em musicologia na Sorbonne Université.

Downloads

Publicado

2025-12-18

Edição

Seção

Dossier - XIII Encuentro de Investigadores en Poética Musical de los siglos XVI, XVII y XVIII - Vestigios del gusto (segunda entrega)